17.5.04

diário curitiba

sexta feira - 7 de maio

04:55
acordar, seguir para o metrô e pegar ônibus para curitiba. incrível como aqueles ônibus da cometa continuam fuleiríssimos, apesar de lembrarem os do filme quase famosos. mas os tempos são outros, a coluna de qualquer humano cansaria em ficar sentado nas poltronas toscas do cometa por 15 minutos, imagine por mais de 6 horas. vou de itapemirim. não muito melhor, mas pelo menos era mais funcional. parecia uma excursão, pois só tinha galera indo exclusivamente pro festival.

12:15
curitiba. chuva. frio. cinza. mas tudo tá bonito mesmo. a primeira coisa que avisto qdo entro na cidade parecia ser um top da ópera de arame. mais tarde descubro que aquilo lá poderia ser qualquer coisa, menos o top da ópera, que fica exatamente do lado oposto da cidade. almoço no shopping estação, um lugar que antigamente era uma estação ferroviária que foi reformada há tempos. lugar lindo. tem um esquema de chafariz moderno com umas águas que pulam de um lado pro outro de forma ordenada, da qual não consigo explicar mais. uma hora após chegar, o sol se abre. seria legal rolar chuva em everything flows.

22:00
chego tarde. mas ainda acho que é cedo. as bandas de sexta feira nem eram muito animadoras. quando entro no local, descubro que praticamente era como um horto florestal de cidade grande. lugar lindo, aquela pedreira cabulosa parecendo um cenário de peça de teatro romana. no fundo do local, uma cachoeira [natural?] ajuda a esfriar ainda mais o clima, que nesta altura já estava em seus 15 graus, imagino. do lado oposto, o palco. e no meio, a grade da discórdia, para separar o povo que comprou o ingresso na primeira cota e o povo que só conseguiu comprar na segunda vez. aquilo pareceria não durar muito. das bandas que vi, segue uma breve descrição:

- Íris -
bem feito. um jazz com rock. o problema do som atrapalhou um pouco, mas nada que melhorasse em pouco tempo. me lembrava morphine de longe. mas mesmo assim não gostei.

- Sonic Jr. -
uma das bandas que sempre ouvi falar e nunca ouvi nem vi show propriamente. 2 caras no palco, mas pareciam ter uns 5. o som era bem dançante, tem horas que me lembrava primal scream de começo, mas fugia disso logo depois. curti mesmo, uma das boas descobertas do festival. só espero que eles não queimem no fogo do inferno com esse projeto de banda junto do Paulo Ricardo, fase chapinha. a fase mullet morreu [ou foi aposentada] em discussões na justiça.

- Hell on Wheels -
banda que ninguém [ou quase] conhecia. legal, distorcido, gritado, passional. mas tava frio. ninguém entendeu nada. mas gostei. a banda pessoalmente é muito gente boa. o batera chubbie e a baixista são engraçados e gente fina pacas.

- Teenage Fanclub -
o que falar do Teenage Fanclub? tá, o público tava lá prá ver Pixies mesmo. mas o TFC levou todo mundo ao nível de felicidade que se esperava. numa noite fria e linda, eles mandaram as clássicas que todo mundo queria ouvir. e devia ter chovido em everything flows, prá virar aquele "reading festival 92 transmitido via tv bandeirantes canal 13". genial. num choveu, mas valeo a pena. e ainda rolou neil jung. ié.


sábado - 8 de maio

12:20
acordar, ir na rodoviária trocar a passagem de volta prá um horário melhor. trombar muitos amigos e conhecidos chegando no sábado exclusivamente prá ver o show. e a frase cada vez mais latente na cabeça, dita por um amigo: "os anos 90 tão terminando, o que eu vou fazer da vida daqui prá frente?"

13:40
almoço pasteurizado de shopping. o caracol interminável do estacionamento subterrâneo dá náuseas fudidas, faça o teste. centro da cidade é lindo, um monte de praças distribuídas estrategicamente pelo espaço. árvores, muitas. e frio. eu me mudaria prá lá com toda a certeza. fora que a população feminina confere a fama. só isso já é um ótimo motivo.

16:00
saída pro festival. pequeno trânsito, rádio local anunciando o show único e imperdível do Pixies na américa latina. aquela sensação estranha e legal desce de novo, como se fosse a viagem pro rio durante o rock in rio 3. em proporções maiores até porquê esse festival foi mais legal no lance das bandas. rock in rio foi prá massa, curitiba pop festival foi pro ghetto. hoje em dia o ghetto é a massa, se é que você me entende.

- Grenade -
pois bem. o show do Grenade na abertura de um dos shows do Teenage Fanclub em sp foi fudido. mas esse foi melhor, disparado. apesar do público que ainda começava a chegar. aquele sol de fim de tarde, já baixando, o [pequeno] calor indo embora e raise your head embalando o momento inspiradíssimo. nada paga isso, nada. melhor banda do brasil. eric e granado duelando distorção e melodia. perfeito.

- Excelsior -
ambientriphop. eta. muito bem feito, propício pro frio que começava a abater sobre os mortais. a vocalista impressiona. mas só. tem futuro. só resta encontrar.

- Autoramas -
rock n roll simples, show enérgico prá esquentar o público. e sim, simone no baixo, aaah, simone. entrosados como nunca, as canções descem redondas. rock.

- Pelebrói Não Sei -
que raios é isso? que nome estranho, só poderia ser emo. mas não era. disparado, o show mais engraçado do festival. pânque roque raíz em português, ícones locais, cerveja voando, todo mundo cantando junto. genial.

- Ludov -
esperava mais, muito mais. maybees era mais interessante. pois bem, hora do lanche de filé mignon, cervejas e fila de banheiro.

- Relespública -
mod. rock básico, rápido, the who aparece em cover mais do que óbvia. depois do show morno anterior, a Relespública deixa o público [sem trocadilhos ok?] espantado, e saem consagrados, com todo mundo aplaudindo a apresentação. ah, o vocalista da Pelebrói ainda canta em um som. ponto prá eles.

- Mombojó -
expoente de um som novo, não tão novo assim, funcionaria melhor se o ambiente fosse fechado. mas ainda assim mandaram alguns sons que empolgam, mesmo com o volume do vocal baixo. stone roses meets maracatu. aposta do ano. muito bom. groove e hc lado a lado.

- Frank Jorge + Flu + Wander -
crosby, still and nash do sul. um dos melhores do festival. músicas das carreiras solo, e das respectivas bandas. rolou até surfista calhorda cantado por todos. chinelagem das boas, os caras mandam muito bem. e frank jorge é o avô roque do sul do brasil. wander tem tudo prá estourar definitivamente.

- Pin Ups -
com 2 formações no palco, e apesar de toda a tensão sobre o show a seguir, até que não fazem feio. mesmo com luís esquecendo algumas letras, os clássicos antigos como pure e on and on fazem 1993 surgir nos olhos em instantes. será a última reencarnação mesmo? duvido. mas foi legal.

- Pixies -
tudo já foi dito e escrito. frank black francis [vai saber né] tá gordo, mas não tanto, kim deal com sua simpatia e olhos azuis de sempre, joey estático [mas ele pode, o cara é O cara] e david parecendo ter saído direto do scorpions pro show. nenhuma palavra, mas nenhuma mesmo, direcionada ao público. nenhum "oberigadu" tosco nem nada. som, somente o som diz por si. mas afinal de contas era isso que todo mundo queria ouvir. show mais comprido da turnê por enquanto. acho que eles perceberam que o brasil é um grande filão e vão espalhar isso aos 4 cantos. assim as bandas ficam mais ricas, a gente fica mais feliz e todo mundo ganha com isso. durante o show, as pessoas ao redor estavam visivelmente bestificadas. ah, o orkut funciona. foi engraçado trombar pessoas só se conhece através de fotos e palavras.


domingo - 9 de maio

13:30
frio, apesar do sol começar a querer mandar no ambiente local. dia das mães bonito, telefonemas mandando um parabéns e te amo à distância, mas por uma boa razão. até minha mãe entendeu. almoço [??] no mcdonalds. despedida dos brothers.

15:08
ônibus de volta prá sp. dever cumprido. se é que houve algum. melhor, alma mais limpa por todo o ambiente do festival e reencontro de amigos e novos amigos.

23:20
home sweet home. limpar os tênis e deixar a roupa suja na lavanderia. sono a ser recuperado. que venha o próximo festival.

ps: não prenda-se aos rótulos e descrições deste texto. tire suas próprias conclusões.


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